terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

G-20 Sacode Conceitos

O conceito de G-20 contrapõe os conceitos de países subdesenvolvidos, terceiro mundo, menos avançados, emergentes etc, e também os critérios econômicos, sociais e políticos de poder. Desde sua criação, o G-20 passou a ser o fórum mais importante de discussão sobre a agenda internacional, influenciando direta ou indiretamente as instituições internacionais que executarão os programas.
É interessante notar certa euforia devido a incorporação de nações emergentes num clube do qual participavam somente os ricos – mas isso, de fato, muda muito pouco em termos de representatividade. Anteriormente, sete países ricos decidiam os rumos do mundo, somente sete entre cerca de duzentos países. Era 3,5%, hoje é 10%, bem mais do que antes, mais ainda muito pouco. Em termos de PIB ocorre o mesmo, pois continuamos a ter as nações com maiores rendas decidindo por todos.
Claro está que o sistema internacional não é uma democracia direta de nações, todavia pela primeira vez, dentro do sistema de estados nacionais, teremos um grupo heterogêneo de potências tomando as decisões. Também deve-se ter em mente que o fato de participarem do mesmo clube não os torna iguais. Entre os sócios deste clube há aqueles que têm poder de veto - se não de direito, o tem de fato. Isto quer dizer que certas nações dificilmente terão seus interesses contrariados. Caso não se chegue a uma solução satisfatória para estas superpotências, gera-se um impasse até que surjam novas circunstâncias que possibilitem um acordo. O que não está claro é como se comportarão os novos sócios. Farão alianças entre si, com os antigos sócios, agirão isoladamente em nome de seus interesses somente, ou representarão aqueles que ficaram de fora visando consolidarem-se como líderes de suas regiões?
Difícil sabermos como se chegou ao elenco do G-20. Muitas questões estão sem respostas, como, por exemplo, se o único critério foi o PIB, por que Holanda e Espanha não entraram? Se respondermos que estes estão representados pela União Européia, então cabem outras duas perguntas. Por que França, Itália, Inglaterra e Alemanha? Se o critério é nações, por que a União Européia? Como estas perguntas não têm respostas satisfatórias pode-se concluir que critérios geopolíticos influenciaram, tais como extensão territorial, população e localização no globo. Parece que estes são os recursos de poder econômico que regem as relações políticas e econômicas internacionais.
Mauro Salvo, economista

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