Entrevista concedida pelo tucano José Serra à Revista Época em 10/04/2010:
O Grupo Vozes Tucanas endossa as palavras de nosso pré-candidato à presidência da República.
O Grupo Vozes Tucanas endossa as palavras de nosso pré-candidato à presidência da República.
– O Brasil hoje, na comparação com o país da sua juventude, melhorou na oferta de oportunidades? Nos últimos 25 anos, o Brasil avançou bastante. Nós tivemos a redemocratização, uma Constituição que garantiu a democracia, a pluralidade e avanços sociais significativos. Nós tivemos também um fortalecimento da agricultura, um avanço de eficiência na indústria. Temos um sistema financeiro muito sólido. Conseguimos domar a superinflação com o Plano Real. Entramos numa era de responsabilidade fiscal. Avançamos muito na área da saúde, com o SUS, e na da educação, no que se refere à inclusão. Reduzimos a pobreza. Isso tudo é fruto desses 25 anos. Mas falta muito ainda, né? [...] Que o Brasil pode mais, eu tenho certeza. O problema é como fazer.
– Qual é sua posição sobre o papel do Estado? O Estado no Brasil é um pouco obeso. Eu defendo um Estado ativo, que se contrapõe ao Estado paternalista e produtor do passado e ao Estado da inércia e da pasmaceira. Minha opção não é intermediária, mas nova. [...] Se você incha o Estado, você até o enfraquece. A obesidade é uma doença. Não é uma virtude física...
– Na prática, um Estado ativo significa o quê? Eu não sou a favor do Estado produtor como ele era no passado, mas isso não significa que você vai retirar o Estado de tudo. Sou a favor do Estado eficiente naquilo que faz e ativista, insisto. É o Estado que regulamenta, em vez de intervir. [...] Agora, eu sou a favor da existência de banco nacional, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica...
– Vai manter o tripé baseado em metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal? Olha, sem ser pretensioso, eu tenho a impressão de que quem fez a denominação “tripé” fui eu. [...] Esse tripé está aí para ficar.
– Não não há o que mexer? Não. Agora, a forma como você aplica cada uma das coisas não é única, sempre é determinada. Nós não estamos falando de ciências matemáticas ou físicas. E mesmo as físicas, hoje, já são relativas.
– O que acha da idéia de dar autonomia para o BC? O BC brasileiro já tem bastante autonomia na prática. Quando falam que querem fazer um banco igual ao FED [banco central americano], isso, na verdade, implicaria ter de mudar totalmente o BC, porque o FED, por exemplo, não tem a função de supervisão bancária. Você teria de fazer uma legislação muito complexa. Não creio que seja necessário.
– Privatização virou palavrão no Brasil. Mas há casos, como o dos aeroportos, em que ela parece ser indispensável, não? O termo correto não é privatização, é concessão. Concessão tem um contrato, regras, pode ser quebrada. É completamente diferente de privatização. Eu defendo a concessão de aeroportos. [...] Não é que a concessão é a salvação da lavoura. Mas, quando você faz uma concessão, você tem um cronograma. É a via mais rápida e mais eficiente.
– O governo Lula se aproximou de Cuba, Venezuela e do Irã. Qual é sua opinião sobre essa política externa? Defendo a política de autodeterminação. Você não deve interferir nos assuntos de outros países. Por outro lado, nós temos também uma responsabilidade com direitos humanos e com democracia. O Brasil deve fazer ativamente todas as gestões que puder fazer no sentido de serem respeitados os direitos humanos. Um princípio tem de ser claro. Onde há preso por opinião, não há uma democracia. Isso não significa que não vamos ter relação com esse ou aquele país...
– Qual é sua posição sobre o papel do Estado? O Estado no Brasil é um pouco obeso. Eu defendo um Estado ativo, que se contrapõe ao Estado paternalista e produtor do passado e ao Estado da inércia e da pasmaceira. Minha opção não é intermediária, mas nova. [...] Se você incha o Estado, você até o enfraquece. A obesidade é uma doença. Não é uma virtude física...
– Na prática, um Estado ativo significa o quê? Eu não sou a favor do Estado produtor como ele era no passado, mas isso não significa que você vai retirar o Estado de tudo. Sou a favor do Estado eficiente naquilo que faz e ativista, insisto. É o Estado que regulamenta, em vez de intervir. [...] Agora, eu sou a favor da existência de banco nacional, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica...
– Vai manter o tripé baseado em metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal? Olha, sem ser pretensioso, eu tenho a impressão de que quem fez a denominação “tripé” fui eu. [...] Esse tripé está aí para ficar.
– Não não há o que mexer? Não. Agora, a forma como você aplica cada uma das coisas não é única, sempre é determinada. Nós não estamos falando de ciências matemáticas ou físicas. E mesmo as físicas, hoje, já são relativas.
– O que acha da idéia de dar autonomia para o BC? O BC brasileiro já tem bastante autonomia na prática. Quando falam que querem fazer um banco igual ao FED [banco central americano], isso, na verdade, implicaria ter de mudar totalmente o BC, porque o FED, por exemplo, não tem a função de supervisão bancária. Você teria de fazer uma legislação muito complexa. Não creio que seja necessário.
– Privatização virou palavrão no Brasil. Mas há casos, como o dos aeroportos, em que ela parece ser indispensável, não? O termo correto não é privatização, é concessão. Concessão tem um contrato, regras, pode ser quebrada. É completamente diferente de privatização. Eu defendo a concessão de aeroportos. [...] Não é que a concessão é a salvação da lavoura. Mas, quando você faz uma concessão, você tem um cronograma. É a via mais rápida e mais eficiente.
– O governo Lula se aproximou de Cuba, Venezuela e do Irã. Qual é sua opinião sobre essa política externa? Defendo a política de autodeterminação. Você não deve interferir nos assuntos de outros países. Por outro lado, nós temos também uma responsabilidade com direitos humanos e com democracia. O Brasil deve fazer ativamente todas as gestões que puder fazer no sentido de serem respeitados os direitos humanos. Um princípio tem de ser claro. Onde há preso por opinião, não há uma democracia. Isso não significa que não vamos ter relação com esse ou aquele país...
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